domingo, julho 15

No descampado aberto e fresco
Da mente que tanto vislumbra,
Me pergunto sobre a arte
E sua necessidade. A arte
Que lapida a minha vida,
A arte que é minha filosofia
e que desafia as razões de ser
Tão raso, tão raso e ralo!

Ah, ser humano, que mundo
Almejas quando cantas?
Quais corpos crias nas tantas pedras
Frias das estátuas eretas que são tua
Imagem e semelhança? Que quer
Teu corpo quando dança, quem é que
Desafias quando dizes em palavras
De poesias que a tua vida vale tanto
Que até pranto causa? Que ar respiras
Na pausa das melodias que transpiram
O silêncio arrebatador da inspiração?
Ai, coração recheado de linda leveza,
Mas farto dos dias maciços, entende!

Ah, arte que não é meu ego, mas meu lapidar
Interno, fuga de todas hipocrisias, me explica
Qual mágica tu crias que em ti me apego, me diz
De qual inferno causticante me ajudas a escapar!
Tu que não julgas nem cansas, por mais que cante
Meu lábio desafinado de orelhas mudas,
Tu que não te importas com rima e metro
Inconsequente, arte sem filha ou neto
Presente, arte estéril, mas que tanto cria
- Tu és como a elegante tia que faz doces
E acalentas, sejam dúvidas, sejam amores...

Vieste de outro plano,
Onde a perfeição vive
Majestosa na prática,
Onde tudo convém
Em forma e cor.

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