quarta-feira, agosto 25

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Não sei que leveza me inspiras,
Com tua brancura de menina
(Que pulou as cercas do mundo
E perdeu o coração nos matos
E vales e morros),
Com teus olhos de maré cheia,
Com teus olhos de fruta madura
- E até mesmo cheiras a mulher madura -
Só sei que, dentre todas as coisas,
As luzes, as aves e as tardes de vento no céu
Cinza, o silêncio do meu quarto e a eternidade
Do espaço negro, a noite dos encantos ancestrais,
É só em ti que o pensamento repousa farto,
É só em ti que o pensamento germina o sorriso
(Teus olhos, pois, parecem ter uma doçura
Que o homem vê apenas quando, nu, desbrava
A selva do alvorecer e deflora o fruto e o fumo
De uma terra sábia e repleta de gentilezas; teus
Olhos, pois, são o último raio da última tempestade
Do verão dos verões). Teus olhos
São poesia.