sexta-feira, julho 27


Minha agonia
É não entender:
Não sei o que se passa,
Como se agregam as partículas
De existir, como se disseminam
A burrice e o extremismo nesse mundo.
Minha agonia é ver que todos são crianças,
E que poucos homens abrem de fato os olhos
Para tudo isso que nos cerca e que só pode ser
Um teste. Ah, se isso não for um teste de um deus
Ou de uma máquina ou de uma loucura qualquer,
Que tristeza, que tristeza seria haver consciência!

Ah, vontade enorme do meu ser, sobrepujai tudo isso,
Como a onda enorme que invade as terras secas em fúria,
Como a onda enorme que virá para destruir tudo e possibilitar
Recomeço! A enorme onda que afogará de vez todas as mágoas e crises
Para que renasçamos em outras frequências e, ao menos, busquemos algo
De pureza, sabedoria e amor. Façamos disso um sentido, no recomeço...

Ah, vontade que é o único deus e que é o deus de poucos, pois poucos
Entendem, me mostra a tua verdadeira face, a tua multiplicidade verdadeira
Sancionada em êxtases e memórias de prazeres inabaláveis, me mostra a tua
Face coroada de esplendores instintivos e inerentes à raça humana, me mostra
A face da besta e o deleite de ser um animal e servir somente às vontades naturais!
E façamos disso um sentido, no recomeço... E da compreensão e da busca eterna por compreender
Façamos um emblema que será exibido aos míseros como um exemplo e um convite magistral,
E todo aquele que quiser crescer, crescerá.

Ah, vontade, Me consuma! Me consuma em teu serviço atroz! Queime o meu corpo
Na fogueira das liberdades maduríssimas e conscientes de si mesmas,
Entalhe a minha alma nas oficinas de artes sublimes e de segredos necessários,
sobre as mesas dos mestres e sob os olhos dos discípulos,
E me deixe ser um exemplo de humildade enquanto és o exemplo
De toda a misericórdia que há:

Me consuma
Até a ruina,
Que desmoronarei
Impiedosamente silencioso
Sobre o chão do destino que é meu,
E me dissolverei em líquidos felizes,
Gigantescamente felizes e conformados,
Para depois evaporar e voltar ao centro
Do corpo curvado
Do céu estrelado
Que é minha casa.

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