sábado, junho 30


Quero tanto as tantas coisas impronunciáveis que me cercam!
Mas as quero tanto e são tantas que sua pressão incalculável
Me esmaga e me condensa e já não faço nada senão inércias.
Quem, em qualquer lugar, pra me ensinar a prática da vontade?

Quero tanto as todas coisas que não posso querer porque não
Me cabem, porque não me definem e não me sugerem nunca,
Mas as quero num egoísmo tamanho e mesquinho e vilanesco
Que então nunca jamais as poderia ter em mãos minhas tristes.

Quero tudo o que há, mas tudo o que há é peso sob meu ombro,
Tudo o que há me torna o grão mais minúsculo sustentando o sol
Mais imenso - a solidão humana  de ser, a tristeza de existir e ver

E nada poder tocar. Voo magnífico da ave, paz discreta do peixe
Submerso, glória do felino indiferente a tudo que pode ignorar:
Porque é que não vim ao mundo com a vossa leve simplicidade?

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