Flor,
Flor imensa
Que encontrei
Desabrochada
No pasto da vida,
Que lua te banhou,
Que orvalho tu bebeste
Para ser assim tão cândida
E tão resplandecente ao sol?
Perdida,
Perdida estiveste,
Já pronta, mas não
Colhida, já bem sabida
Mas não testada. Quais mãos,
Quais mãos tremeram ao te colher
Que nem sabias? Quais olhos ao te ver
Lacrimejaram todas as lágrimas, belíssimo
Orvalho gigante, cauteloso e despido dos dias?
És a camélia,
És a camélia mais pura,
Rainha coroada, flora sofrida!
Que raízes fortes as tuas, emaranhadas
Ao peso inacessível e bruto do vento anormal,
Do vento anormal e triste de te tentar arrancar e não,
Não, nunca ter sucesso! És a flor branca, o polido inverso
Da escuridão que julgavas tua, porém jamais te pertenceu.
És a flor dos dias, dos dias que nunca nasceram e nunca morrerão.
Pétala,
Pétala por
Pétala te farei
Minha, pois que sou
O jardineiro persistente,
O arado inabalável e delicado,
A sensação de querer e libertar:
Que a tua presença, ornamental, lúcida,
Não fuja dos meus olhos, mas possa sempre voltar.
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