sexta-feira, março 22

Três pensamentos sobre a tua geografia

A. Loise

I

Teu sorriso
Me toma inteiro
Sempre, e me abala,
E me constrange
E me estremece:
Teu sorriso
É um terremoto
E eu sou o templo
E o altar de mármore
Se desmoronando cálidos.

Teu sorriso
É o vulcão
Em erupção
No meio da madrugada,
Eu sou o vilarejo
Adormecido tomado
Pelo calor inabitável
Dos teus lábios incandescentes
De magma.

II

Teus seios
Desbravei com calma,
Como um andarilho
Alegre e despreocupado
Que se deixou à beira dos bosques
A beber sumos e observar
As colinas, e por observar
As colinas sutilmente possuiu
As colinas e toda a vida sublime
Das colinas suaves e mornas
Nas palmas das mãos:

Ah, que saudade!
Eu cheirei a flor tóxica
E perfumadíssima do teu ventre
Como um prado abandonado e belo
E me viciei para a vida
Toda.


III

Oásis,
Se a solidão
Humana é um deserto,
É o teu corpo, abundante,
Repleto de sombras amigas,
E minhas mãos todas são agora
Manadas de animais sedentos
Que são sutis e mansos
E viris:

Oásis é teu corpo,
E eu sou um touro coroado,
Couro negro sob o sol imenso,
Levando à boca aquilo que em ti
Me sacia e me sustenta,
Farejando nos teus pastos vastos
Oportunidades de abundância
E conforto enquanto durar
Essa vida rápida
E salvagem...

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