I
Não há nada
Como um vinho
Sobre a mesa triste
Da minha sala esquecida
Para acompanhar meus cigarros
Enrolados de solidão e medo.
Não há nada:
O vinho é barato,
O barato é proibido,
A vida é solidão e eu,
Na esperança que o esquecimento
Traz, me escondo e tento furtivamente
Não pensar.
Não penso, sinto.
Não falo, escrevo:
O que restar de mim no mundo
Será beleza impulsiva encharcada
De embriaguez.
II
Ave, uno primordial!
Ave, cosmo, ômega,
Alfa! Ave, deus ou
Seja lá como chamo
A causa motivo de toda
Essa comoção chamada
Realidade: ave!
Ave, que vou me embriagar
Até encontrar novamente
O seio divino e calmo,
Ave, que quero o mundo
No meu colo, ave:
Deixe que eu te encontre,
Deus dos deuses, no fundo
De uma garrafa, na maldade
Solitária de um cigarro,
Na penunbra perdida
Desta noite que imita
A morte. Eu vou me embriagar
Até que me arrebate
A dormência de um sono
Inesperado...
Nenhum comentário:
Postar um comentário