sexta-feira, fevereiro 22

14.02.2013

I

Juro que não
Sei ao certo o nome
Deste sentimento
Triste e inútil
Que me enfadonha
O hálito e a vida
De tempos em tempos
- Ânsia suprema, tédio maior,
Desejo de morte, cenas de drama,
Nascimento da tragédia.

Talvez
Eu deva me recolher
À gruta silenciosa
Banhada de matos
Aos pés dos banhados
E lá viver com toda
A minha amarga solidão
Incurável e daninha:

Eu mesmo sou
Algum tipo de aborto sofrível
Da natureza rústica, e não tenho
Lugar nenhum nessa sociedade
Feliz por si
Só.


II

Queria viver uma vida
Que fosse como uma canção
Que queimasse nos lábios
Quentes de deus dormindo:

Queria ser uma nuvem
Que se perde e se desfaz
Ao som do vento
Ao nascer de um dia voraz.

Ah, eu queria viver como a regra quebrada!
Ah, eu quero viver como não sei o quê...
Ai, tudo é tão custoso nessa ilusão real!
Ai... tudo é um esforço que nunca compensa...
Deixa - eu de fato estou queimando
Nos lábios densos de deus dormindo.
Deixa, eu sei de todo o futuro de mim,
Sou teimoso, porém, por pura abstração:

Minha tristeza
É um sol
Se pondo.

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