sexta-feira, fevereiro 1

Não posso dizer que meu corpo
Ferve, pois o calor demais
Entristece a matéria plausível.
Não. Meu corpo tem o calor
Exato da rigidez contida
Do lombo do touro, que não cabe
Dentro de si na potência
Que antecede a carne.

Meu corpo é uma estrela fogo-fátuo
Que se prepara à explosão
Numa elegância tão fria e clara
Que queima como queima
O olho de deus.

Eu sou a semente que quer
Se espalhar, eu sou a brisa
Noturna que convoca grilos
E o mar encantado que devora
A lua, eu sou raso e simples
Como é raso e simples todo
O universo:

Eu sou a luz
Que brilha
Por brilhar
Apenas.

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