terça-feira, agosto 7

É madrugada,
Mas em breve
Não será:
São cinco horas
Da manhã -
O dia procura
Meios de clarear.

Quando vier o sol
Talvez eu ainda esteja aqui
Nesta sacada alta, muito alta,
Vislumbrando o mar e o céu
E as aves que já supõe cantar
Nas nuvens de mármore rajado.
Quando vier o sol, talvez eu
Ainda esteja aqui, nesta sacada
Alta, muito alta demais, pensando
Em motivos e suspeitas de existir,
Indagando a deus sobre sua identidade
Sublime, encarando ondas como quem
Quer se afogar e descansar em ritmos
Suaves. Quando vier o sol, eu certamente
Estarei aqui - e é possível que continue
Quando o sol sumir novamente e tudo
Voltar a ser unidade na escuridão noturna
Que abraça a matéria sem preconceito...

Eu deveria ser assim, potente e extremo
Como a claridade viril do dia
Ou a sombra majestosa da noite...
Eu deveria ser assim, capaz de abraçar a tudo
E não negar nada a nada na abundância
Plena de mim mesmo.
Eu deveria ser assim,
E assim serei:

Eu vou me triturar em golpes bruscos
E voltar ao pó antecipadamente,
Para, disperso num sopro de brisa,
Nunca mais parar de me mover,
Para cobrir a tudo e completar o mundo
E, estando tão próximo e tão distante
De mim mesmo, aceitar com muita nobreza
Que me calarei em breve, submerso em terra
E soterrado em silêncio,
Pois que não há outra forma
De viver a vida
Senão
Viver a vida...

E quando vier o sol,
Eu estarei aqui:
Alto, muito alto
E completamente ereto
Para absorver com os olhos
A experiência fantástica
Que é ver
Chegar
A luz.

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