quinta-feira, abril 4

Dois pensamentos sobre a brevidade da vida

I

Há algo que me diz
Que eu tenho pouco
Tempo. Seja hoje,
Seja daqui há noventa
E nove anos, qual a diferença?
Preciso achar em mim mesmo
Forças para trabalhar como
Se não houvesse
Morte.

E, talvez, não haja:
Vi, no corpo morto
De uma ave triste,
Vermes e insetos
Que viviam... Onde
Começa e onde
Termina a vida?

No meu esforço,
Na minha memória?


II

Meu testamento
Secreto só entenderão
Aqueles que sabem ler
Com a alma sensível,
Com os olhos divinos,
Com o prazer do intelecto:
Tudo é livre, a vida é linda!
Só entende isso quem percebe
A morte, só capta a essência
Quem entende que a finitude
É um princípio. Essa é a minha
Palavra: a morte virá como sono
Inevitável da criança que brinca
Tarde da noite em uma festa
De adultos e depois se entrega
Ao cansaço e dorme em um banco
Qualquer sem se importar com
O barulho...

Não existe problema
Que o sono profundo e último
Não abafe. Deixem que a morte
Chegue: eu vivo!

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