É quando eu percebo que nada
Sei que percebo também
O quanto animal que eu sou,
E me constrange a minha fome
E a minha dor e o meu desejo.
Não posso com isso: ser humano
É apenas ter um nome e dar nome
Às coisas todas que rotulam os próprios
E os alheios pensamentos. Mas penso,
E se penso sou humano,
E me contradigo
E já não quero
Pensar, que pensar
É doença
Infrutífera.
Eu, um cavalo: equipo rédeas
Em mim mesmo.
Eu, um cão: me torno íntimo
Da focinheira da vontade
E do silêncio.
Eu, animal domado pelo chicote
Lindo da vida,
Já não temo nada.
II
Que lindas
As árvores
Que só vivem
Para os outros
Suas vidas vãs.
A árvore é o último
Estágio, é viver
Em cópula e romance
Com todos os deuses,
É ser abençoado
Infinitamente por gozar
Do sol e da chuva e da neve
Sem questionar; ser árvore
É ser simplesmente:
Todas
Árvores
São lindos
Budas.
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