segunda-feira, outubro 18

76.000

Eu não me preocupo mais.
Morra (eu) ou não,
Torne (se) a verdade
- Ou não -
Aquilo que pensei, escrevi,
Senti ou concluí,
Tanto faz...
O Big Bang
Resultou em luz e magnetismo
E impostos e menstruações e calor
- Muito calor - E estrelas e livros
(De filosofia e poesia)
E sentimentos.
Tanto faz...
O Big Bang deu origem a tudo,
Menos
A algum sentido.
Não existe tal sentido.

Vejo - e prefiro ver -
Formas escondidas nas formas.
Há um macaco sorrindo nas manchas
Da minha desgastada
Toalha de banho,
Pendurada na porta de meu quarto
(E nas ondas da madeira
Da porta de meu quarto,
Um barco escuro desbrava
O lago plácido do anoitecer).

Eu não me preocupo mais.
Minha vida quase não existe
Diante da grandeza do universo
- E sei que, um dia, não passarei
De eletrecidade - desprendida - azul
Como as estrelas mais brilhantes.

É isso que quero e que faço
Da luz que presencio:
A busca apaixonada e minuciosa
De coisas nas coisas.

Um comentário:

  1. "a busca apaixonada e minuciosa
    das coisas nas coisas."

    essa frase me parece ser o resumo do poema dentro da conclusão, de uma forma brilhante, meu velho. Como a justificativa da caminhada que tu fez do momento feito de acaso do big bang, até as transformações dos espaços, até o achado "das coisas nas coisas" na porta do teu quarto (aliás, quero observar essas ranhuras! ahuahuasaahui), ou na toalha do banheiro...

    Abração hermano!

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