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quinta-feira, abril 4

Dois pensamentos de amor em uma manhã silenciosa

A. Loise

I

Acordei
Bastante cedo
No dia de hoje.
Acordei como quem
Vê um clarão de luz
E não pode distinguir
Outras formas, pois
A claridade inunda tudo
E se ocupa de todos
Os espaços:

Acordei num salto,
Entre suspiros,
Fugido de um sonho bonito,
Jogado de volta ao meu corpo
Para me perceber meditando
Teu nome desde a primeira
Consciência do dia...

Alguns romantismos me são naturais
E  imutáveis e minha razão não é do tipo
Que costuma gerar lucros...


II

Te penso
Incessantemente,
Numa fixação absurda,
Maníaca, que me arrebenta
De dentro pra fora:

Te penso, mas nada
Te sei. Não me foi dado
Sequer saber de mim,
Que sei eu dos outros
E do mundo dos outros?

Sei o que minha alma
Sensibilíssima sente,
E o que ela sente quando
Te farejo perto é o ápice
Do gozo, é tudo o que preciso
Saber e me interessa - que tu
Sejas a sem passado: que tu
Sejas minha e minha melhor
Criação.

sexta-feira, março 22

Três pensamentos sobre a tua geografia

A. Loise

I

Teu sorriso
Me toma inteiro
Sempre, e me abala,
E me constrange
E me estremece:
Teu sorriso
É um terremoto
E eu sou o templo
E o altar de mármore
Se desmoronando cálidos.

Teu sorriso
É o vulcão
Em erupção
No meio da madrugada,
Eu sou o vilarejo
Adormecido tomado
Pelo calor inabitável
Dos teus lábios incandescentes
De magma.

II

Teus seios
Desbravei com calma,
Como um andarilho
Alegre e despreocupado
Que se deixou à beira dos bosques
A beber sumos e observar
As colinas, e por observar
As colinas sutilmente possuiu
As colinas e toda a vida sublime
Das colinas suaves e mornas
Nas palmas das mãos:

Ah, que saudade!
Eu cheirei a flor tóxica
E perfumadíssima do teu ventre
Como um prado abandonado e belo
E me viciei para a vida
Toda.


III

Oásis,
Se a solidão
Humana é um deserto,
É o teu corpo, abundante,
Repleto de sombras amigas,
E minhas mãos todas são agora
Manadas de animais sedentos
Que são sutis e mansos
E viris:

Oásis é teu corpo,
E eu sou um touro coroado,
Couro negro sob o sol imenso,
Levando à boca aquilo que em ti
Me sacia e me sustenta,
Farejando nos teus pastos vastos
Oportunidades de abundância
E conforto enquanto durar
Essa vida rápida
E salvagem...

terça-feira, março 12

Dois pensamentos que morrem de saudade

                                                                                                                                                      A. Loise


I

A primeira
Vez em que provei
Tua carne com gosto
De ternuras e abraços,
De um olhar certeiro
E um beijo errado,

A primeira vez
Em que provei tua carne
Foi em uma orgia
- E todos abusavam
Sossegadamente
Da gentileza do vinho
E da suavidade do cânhamo
E da libido de outras drogas
E outras paixões:

Até a primeira vez
Em que provei tua carne
Meu corpo não sabia
O vício.


II

Entre
Saldos mal
Calculados
E dívidas amenas
Nesta permuta eterna
Que é as relações humanas,
Não consigo sequer mensurar
O que ganhei e o que perdi
Quando me dei inteiro à suada
E esnobe energia do teu corpo,
Mas não me importo, de forma
Alguma, em investir tudo o que sou
Na contemplação da luz do teu sorriso:

O que lucrei
Quando vi a clareza
Das tuas curvas desnudas
É só meu e não merece
Reembolsos...

terça-feira, março 5

Dois pensamentos de gratidão

I

Às vezes
Reclamo de barriga
Cheia, como quem nunca
Tivesse provado um momento
De glória e de candura...
Me contradigo... Eu sou o rei
Da contradição: do amor
Mais profundo, em verdade,
Em verdade vos digo
- Já bebi os sumos mais
Doces, já provei a polpa
E me lambuzei o focinho,
Animal de coitos hibernando
Em um quarto como uma toca!

Quem sou eu, afinal, para
Contradizer deuses e destinos?
Rompo as bordas do frenesi
Do meu instinto de bicho:

Eu, homem, humano  - haja o amor
Ou a vida que haja, tudo é pouco,
Sempre quero mais! Abaixo a cabeça
E, pelo faro, procuro o cio do mundo.


II

Pelas horas
De felicidade que
Eu ganhei como uma
Criança que ganha um doce,
Agradeço os beijos
Dados, os abraços concupiscíveis,
Os corpos nos corpos
- Cada corpo individualmente
Muito corpo, corpo eu, corpo
Eterno - os momentos
Compartilhados como canções
Extravagantes e joviais,
Cada sorriso e cada cheiro de pele
Dos quais eu sorvi como
Uma bela flor desértica e sedenta
Sorve a umidade das chuvas breves
De Setembro:

O homem que tenha sido amado
Uma vez ao menos nunca estará
Sozinho.

sexta-feira, fevereiro 1

Dois pensamentos sobre a furtividade

A. Loise

I

Tudo o que nos dão
Os deuses desprovidos
De consciência e de justiça,
Os deuses que não escolhem
E não tem opinião, os deuses,
Os deuses, Aline, que somos nós
E todos e tudo mais o que há
- Tudo o que nos dão
É mero acaso, é fraca imagem,
É ilusão: por isso que tudo aquilo
Que é roubado gentilmente
Tem o gosto mil vezes mais forte
Do que o regalo que nos ofertam
Com pureza. Por isso, insisto tentativas
De burlar teus olhos, de tomar despreparadas
Tuas mãos minúsculas, de achar baixa
A guarda de tua lâmina, de sorver
Teus beijos como lambidas leves,
Que o pássaro deflora a flor
Sem que esta o perceba:

Deixa eu te furtar com leveza e gozo,
Deixa eu te furtar antes que tu possas
Me impedir, deixa eu te possuir como
A noite possui as estrelas e as faz
Brilhar. Deixa - eu saltarei das sombras
Mais altas que houverem e te abocanharei
Como um gato larápio que apanha
Em pleno ar a pomba descuidada e linda.


II

Ando
Nas sombras
Na expectativa
De te ver sem que
Me vejas tu: sou
O furtivo, a miragem,
Te observo e te cuido
E te absorvo como
As pétalas daninhas
Absorvem em desespero
As umidades do mundo.

Agonizo
De sedes
Sobrenaturais,
E se há água
Que baste na vida
Ela se chama teu corpo.

sexta-feira, janeiro 18

Ode à saudade que não morre

Para A. L.

I

Eu me perdi
Na mata,
Eu me perdi
Quando procurava
Uma flor desfalecida
Para te presentear,
Quando levava a vida
Nos lábios que te pronunciavam
E sombras frescas na algibeira
E pés descalços por humildade,
Eu me perdi na mata
- Pois todas as flores ao sol
Tem o teu perfume morno,
Pois a terra tem o gosto
Da tua pele primordial
E os polens que flutuam
Sua a tua fertilidade:

Senti nas mãos
Tuas coxas úmidas
Quando toquei de leve
O rio.

II


Perdido
Na mata
Ouço tua voz
Que me chama
Por todos os lados
- És o canto de pássaros
Simplórios e o riso
Largo das corredeiras
E das cascatas. Perdido
(De mim mesmo) na mata,
Imprimo em toda e qualquer
Coisa a saudade
Que sinto: e todas árvores
São tua cintura quando as toco,
E teu seio é que repousa maduro
Nas frutas que pendem à minha
Boca e todas as pedras robustas
E esnobes que vejo são a tua
Teimosia transfigurada e com musgos
À beira dos caminhos.

E, no final, não existe rejeição real:
Não me podes negar teu corpo, pois
Que teu corpo é todas as coisas
Que aqui estão para minhas mãos
E meus lábios.

terça-feira, dezembro 4

Ode aos Pastos

I

A vida,
Quando me encontro
Na natureza brutal do campo,
É tão mais simples, oh, cheiro
De bosta e pasto quente, oh,
Infindáveis moscas, mutucas,
Mosquitos e rãs, mormaço violento
Na barra do córrego, lama, grama,
Polens voadores que pousam em nós:

A vida,
Quando me encontro
Na natureza solitária,
Na natureza intocada,
Na natureza apática,
É tão mais simples...

A vida
Não passa
De repetição
Na natureza
Brutal do campo
- E a flor que colhi
Voltará à terra macia
Quando
Teus cabelos
Novamente
Não quiserem mais
Os meus regalos.


II

E assim eu vi a vida,
No despreparo da minha sabedoria,
Perdido entre árvores hostis,
Embrenhado em matos que arranham
A pele submissa, assim eu vi a vida:

Um peixe agonizando em minhas mãos,
Meus pés dentro do córrego
E toda a falta de coragem
Para devolver
Aquilo que à água
Pertence.

Um peixe apenas,
Um peixe que poderia
Ser eu, morrendo, sem ar,
Olhos estáticos de criatura
Inocente em minhas mãos...

E todos
Ao meu redor
- Inclusa tu, flores
Como uma coroa a te decorar -
Que nunca entenderiam
O que, exatamente, eu senti
Naquele momento
Eterno.

quinta-feira, agosto 16

Não quero, meus amigos, cair na armadilha
Da repetição, da tecla inutilmente martelada,
Do esforço honesto, bruto e vão, mas acontece
Que é preciso dar ouvidos: eu sou tudo, eu sou!

Eu sou o sol enorme resplandecendo calorosamente,
Eu sou o poder emanado de todas as estrelas majestosas!
Eu sou o enterro do empresário preocupado, a festa
Garbosa de uma viúva que voltou a ter alegria,
O menino inocente que se masturba e se consome
Pensando em amores lhe foram ensinados
E que são falsos. Eu sou a terra se movendo brusca,
Eu sou o vulcão expelindo o fogo, mas não sou feito
De ódio, não, o ódio é ignorância, e ignorância
É imperfeição. Eu sou o perfeito, o diminuto
Enorme, o taxista que deseja retornar ao lar
Para se embriagar em tristezas destiladas.

Eu sou tudo, eu sou!
Eu sou tu, meu amigo,
E tu me és! Nossa consciência
É uma, como é um os milhões de mundos
Magníficos e exuberantes que criamos
Para nós mesmos! Eu sou a música, tu és a música,
Tudo é a música! Eu sou a sombra que apazígua
E guarda mistérios que um dia serão conhecidos,
Porque também os sou - o grão, a água, a ave simplória,
O solo germinando tudo o que um dia se chamará vida:
Eu sou!

Queiramos nós, amigos, o poder deste verbo sempre
Presente e completamente compreendido, pois somos
Oniscientes e espetaculares e poderosos e possíveis!
Queiramos o poder de querer, sobre todas as barreiras
Que nós mesmos tentamos nos impor! Eu sou!

Eu sou,
E não há
O que fuja
Dos meus olhos
Que veem a tudo.

domingo, julho 22

A saudade
Que sinto
Do teu corpo é a felicidade atônita
De quem não conhece o gosto,
Mas
Se apaixona cruelmente
Pelo paladar primeiro que invade
As papilas da mente.
A saudade que sinto do teu corpo
É a ausência dos ventos na primavera,
A ociosidade dos polens que flutuam leves
Em fertilizações deveras despreocupadas
Na luz de um sol morno e indigente.

A saudade que sinto
É uma coisa qualquer que rasga
A pele pedante,
É a falta das obscenidades
Inocentes que só são corretas
Na tua carne fresca e pálida,
O desespero desencontrado
Da matéria que ferve e anseia
Penetrar mais profundo no âmago
De outra matéria - a saudade
Que sinto do teu corpo
É saudade de ser uno com tudo!

É a incompetência das almas
Que não se completam, mas
Se esvaziam por um instante
De si mesmas e de tudo ao redor,
No esforço divino de preencher
O outro ser em amores bruscos
E gemidos improvisados.
É o mistério cínico
Do desejo que não
É absoluto, mas imensidão...
Ah, minha saudade é um universo!

A saudade que sinto do teu corpo
É tudo o que tenho, é tudo o que sou.
A saudade que sinto do teu corpo
É a saudade que sinto de mim mesmo
E de todas as outras coisas que não conheci
- Pois que não sei quem és e não sei se sou...

O que sei é que a saudade que sinto do teu corpo
É a labuta mais bela de todas, é a arte! É a vida!
A saudade que sinto
É uma paz que vem
Da dignidade imensurável
De me sentir em ti, como um todo,
Completo:
A saudade
- Que sinto
E não nego -
É a vontade
De ser estrela
E queimar alto
Noite a dentro,
Dia a fora...

quarta-feira, julho 11

Sentado,
Iluminado
Por luzes
Que não sei,
Decidi que vou escrever
Sobre verdades sublimes
Por me pertencerem,
Pois é esta e não outra
A minha
Vontade
Suprema.

Sentado.
E não há
Necessidade
De muito mais
Do que a abrupta,
A dilacerante e inexplicável
Vontade
- Vontade
De ser enorme
De ser rei entre homens,
De brilhar por brilhar apenas,
Como uma estrela que se consome:
Me disseram que poderia fazer
Aquilo que quisesse, desde que
Suportasse sobre mim o peso enorme
Que é
Eu e minhas escolhas.

Sentado,
É o que vou fazer:
Escolhas.
Vou escolher
Ser,
E seguir com maestria
O meu verdadeiro eu.
Sentado,
Pois o movimento
Maior que há,
Não se enganem,
Não é o do corpo.

Sentado,
Porque em pé me canso,
E não existe outro propósito
Senão amar e celebrar aquilo
Que em nós experimenta e pensa.

segunda-feira, julho 2

Eu disse, surreal e esperançoso,
Que havia um poema entre nós,
Entre nossos corpos desencontrados
Mas íntimos, um poema longo de se ler

Com os dedos, desesperados cegos.
De onde vem esse perfume alucinado,
Essa rima branca de versos que sei de cor
Não os tendo lido ainda, páginas adivinhadas?

Ah, poesia sem métrica, porém com ritmo intenso,
Teu gosto incessante e esperado é o que guarda
Meu sono, livro da cabeceira dos meus dias!

Vem, Isabela, que há páginas inda vazias
E sutis a serem preenchidas, que há lirismo doce
Na minha boca de carícias para te suavizar a vida.

quarta-feira, junho 27

Flor,
Flor imensa
Que encontrei
Desabrochada
No pasto da vida,
Que lua te banhou,
Que orvalho tu bebeste
Para ser assim tão cândida
E tão resplandecente ao sol?

Perdida,
Perdida estiveste,
Já pronta, mas não
Colhida, já bem sabida
Mas não testada. Quais mãos,
Quais mãos tremeram ao te colher
Que nem sabias? Quais olhos ao te ver
Lacrimejaram todas as lágrimas, belíssimo
Orvalho gigante, cauteloso e despido dos dias?

És a camélia,
És a camélia mais pura,
Rainha coroada, flora sofrida!
Que raízes fortes as tuas, emaranhadas
Ao peso inacessível e bruto do vento anormal,
Do vento anormal e triste de te tentar arrancar e não,
Não, nunca ter sucesso! És a flor branca, o polido inverso
Da escuridão que julgavas tua, porém jamais te pertenceu.
És a flor dos dias, dos dias que nunca nasceram e nunca morrerão.

Pétala,
Pétala por
Pétala te farei
Minha, pois que sou
O jardineiro persistente,
O arado inabalável e delicado,
A sensação de querer e libertar:
Que a tua presença, ornamental, lúcida,
Não fuja dos meus olhos, mas possa sempre voltar.

segunda-feira, junho 25

Ignorante à sedução milagrosa
De uma madrugada de ventos,
O que poderia satisfazer
Mais a fundo o meu ego
Do que a tua presença?

Tudo mais é estático
Onde tu te moves felina.
Cada sorriso teu é um tiro
Que eu levo, e teu perfume
Morno é mais palpável que
Meu sangue esvaindo litros.

Nada posso contra o teu olhar,
Medusa sexual nostálgica,
E quando falas macio eu
Morro dentro de mim,
Agonia muda e excitada de si
Mesma. Teus cabelos de hera

(Venenosa) inibiram meu veio,
Sufocaram minha boca, ataram
Meu falo. Teus cabelos de hera
(Venenosa) tem a cor de um
Orgasmo, mas já não há no teu
Corpo nada que sustente o meu.

Quem,
No plano inteiro
Da existência toda,
Te permitiu ter o sorriso
Da fêmea madura hipnótica,
Da deusa das sombras e fogos,
Da aurora quando resplandece enorme?


Tu és o perfume de todos os corpos atônitos
A doçura escaldante dos felinos indiferentes,
A mudez das santas carnais e femininas,
A ideia primeira de todas as mães amantes.
Teus seios são relâmpagos e trovões,
A luz engasgada na engrenagem das consciências.
Tu és filha dos feitiços e sortilégios, madrinha
Deliciosa da persuasão perversa e cínica...
Tens meus olhos, meu ventre e meu coração
Em tuas ambas mãos minúsculas e pálidas,
Em tuas mãos de oliveiras maliciosas e perdidas.


Aceita, rainha, este corpo poético
Em sacrifício humilde, mas poderoso.
Aceita, senhora, este corpo imenso
Que quer ousar nas tuas carnes;
Aceita, amor, esta ligeira gentileza,
Que tudo que sei são canduras e monotonias.

sábado, junho 16


Não sei ao certo como
Começar ou terminar
A tua poesia, Paula, pois
Nem ao menos és poética.
Teus olhos, teus quadris
Até tem gosto próprio.
De resto, és pobre...

Mas daria cinco anos
Da minha vida
Para desvendar
Teus
Veludos
Febris

(E é assim
Que se resume
A poesia).

A manhã
– Ensolarada
E cheia de brisas –
Invadiu meu quarto
Hoje cedo,
Às escondidas.

Não sei como se achegou
Em meu leito,
Quando menos esperei
Foi: luz transfigurada!

(Como na vez
Em que dormiste
Em minha casa,
E teu sorriso
Foi o primeiro
Brilho do dia)

As horas
Que passei – sublimado,
Extasiado – à sombra
Do teu seio
(Maduro e doce como a manga
Que ferve rosada nos verdes),
Como esquecer?

Como ignorar a felicidade
Original de quem tenha experimentado
Uma vez dentro do próprio peito
A languidez morna e suada
De teus prazeres,
A maciez intraduzível do teu corpo,
O brilho incalculável do teu riso?

Me dizes que devo esquecer,
Mas como podem (as) andorinhas
Esquecerem do verão?

Que tipo de doença
Tem sido o amor?
Não que por si ele tenha
Este atributo,
Mas sei
Que por ele
Muita gente emburrece.

O que eu não sei
É que amor que quero
Agora que me encontrei
Em mim mesmo...

Eu sou o cactus
Mais florido
Na margem
Do deserto,
Eu quero águas
Que me matem
A sede.

Nós,
Nos
Tempos
Dos
Não-vindos,
Flutuados
Aos pós
E aos
Acasos
Dos mundos,
Abandonados,
Magoados,
Reamados
E renascidos,
Éramos
Mais belos.
Assim, sérios
E ocupados,
Perdemos
Os tudos
E os todos
De nós
Mesmos...

Eu sou
Um lápis
Amarelo,
Eu não
Sou um
Lápis
Vermelho

– E acontece
Que lápis
Amarelos
Não colorem
Corações.