Há algo de mim perdido e um pouco vago, como estas ondas
De cores mortas que a praia apresenta, ou solitário como estas
Aves tristes que voam em bandos. O que resta, final das contas,
É sensibilidade atravessada na garganta, fardo pesado nas costas...
Olha o oceano da vida. Como é cinza o céu acima deste céu. Anda,
A chuva não tarda. Não nos cabe nada senão a resignação dura e fria;
Furtaremos, pois, o sol que nos for permitido furtar durante o parco dia
– Quando este brilhar – e, de resto, nós não exigiremos, pois tudo é nada.
Este raio ameno de vida que sou seguirá, inda perdido, mas purificado,
Talvez parte do corpo próprio do cenário que compõe a tal consciência,
Talvez parte da própria areia da praia (e a areia da praia, a quem pertencia?).
Que nós não devemos, então, atestar aos decoros da ansiedade e do pecado
– Porque pecado verdadeiro é ter medo, raciocinar é coisa decadente e séria...
E da tal ganância eu nem falo, pois é a ganância a verdadeira e única miséria.
Saudades das declamações ensandecidas através da neblina do haxixe... temos muito o que conversar, hermano, e seria bom se isso acontecesse na areia desse oceano cinzento, talvez até submersos. "Que nós não devemos, então, atestar aos decoros da ansiedade e do pecado..." isso ficou incrível. Palavras sensoriais! Eu abandonei meu blog, mas em breve te atualizo com as explosões poéticas que estão rolando por aqui...
ResponderExcluirabraços libertários!